o ARTISTA e a CIDADE

“Sinta Perca-se” é o título de uma das ações de intervenção urbana desenvolvidas pelos participantes durante a oficina o ARTISTA e a CIDADE, ministrada pelo artista Luciano Montanha dentro das atividades educativas da mostra Cidade Não Vista, da 8ª Bienal do Mercosul, na Casa M.

A partir de um exercício de deriva pelo centro de Porto Alegre, a participante Milena Vieira de Oliveira identificou a presença de um sistema de comunicação informal espalhado pelas ruas da cidade, representado por cartazes que comunicam os mais diversos assuntos: donos que procuram animais de estimação perdidos, pessoas que oferecem serviços ou imóveis para venda e aluguel, etc.

Provocados pelo tema despertado pela experiência perceptiva, surgiu a ideia de se operar junto a este sistema, mas propondo uma situação claramente poética. O Milena e outros participantes então elaboraram um trabalho que parte da ideia dos cartazes mas cria o seu próprio sistema ou circuito e cumpre outra função no espaço urbano. Numa transposição do exercício de deriva que realizaram, propuseram uma espécie de jogo de caça-ao-tesouro para os passantes atentos do centro de Porto Alegre. O grupo localizou 10 pontos em um pequeno território cartografado por eles dentro do centro da cidade. Estes pontos são aspectos físicos da cidade que, na percepção do grupo, carregam uma possibilidade de serem disparadores da percepção sensível e, portanto, poéticos. Assim, cada lugar propõe uma provocação ou uma reflexão ao olhar do participante.

Os pontos foram marcados com cartazes que lançam uma provocação e dão uma pista vaga do que está sendo sublinhado pelo grupo no espaço urbano. Caberá ao participante aguçar a percepção e encontrar o que lhe está sendo proposto. O circuito de cartazes inicia em frente ao Shopping Rua da Praia e encerra exatamente no mesmo lugar. A ideia é que o participante que se engajar no jogo, seja deslocado do seu cotidiano, viva uma experiência sensível com a cidade e retorne ao mesmo ponto. Assim o que se quer produzir é o desvio e a vivência da cidade em outro nível.

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